quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A estrada da vida



Durante muito tempo me perguntei, aonde levará essa estrada. Céu? Inferno? Fama e sucesso? Decadência? Luz? Escuridão? O que há do lado de lá? Enfim, nessas e outras indagações, alguns anos se passaram e eu continuo aqui e, por incrível que pareça, com as mesmas dúvidas e incertezas sobre essa tal estrada.

Onde eu errei? Ou melhor, onde continuo errando? Afinal, alguns anos já se passaram e eu não gravei, não toquei, não apresentei a música que acabara de fazer ou a que fiz há muito tempo, sozinho num quarto trancado, ou mesmo, dentro do banheiro, deixando uma fila à espera do banho interminável, simplesmente, no aguardo do melhor momento, da hora certa, do “dia D”.

Mas, afinal, qual será o melhor momento? Qual será a hora certa? Infinitas interrogações poderiam concluir este texto aqui. Mas vamos além! Por onde vou? Por onde começar? Eu tenho ídolos e o que eles me dizem... “Há mais de 1000 destinos, um em cada esquina” (Humberto Gessinger). “Ninguém faz idéia de quem vem lá” (Lenine).

Ninguém vai nos dizer por qual caminho devemos seguir, se a gente deve continuar ou não com aquela pessoa, se o emprego da empresa “a” é, realmente, melhor do que a empresa “b” e por aí vai. Acredito que não seja por maldade, nem por omissão que alguém se recuse a opinar sobre questões desta natureza. Ninguém quer correr o risco dos outros e nem deve. O risco é algo individual, particular, fiel ao seu dono. Ele é teu ou meu, de fulano ou de sicrano, não nosso, ele não é democrático. Bom que assim seja! Mas uma coisa é certa, só podes, ao menos, tentar ganhar o bingo, se comprares a cartela e, de posse da mesma, tudo pode acontecer, inclusive, nada. Simplesmente, nada!

Desde os 13 anos de idade, comecei a fazer músicas. Lembro-me como se fosse hoje. Estava eu no colégio, cursando a 7ª série, na época do ginásio. Enquanto o professor dava sua aula eu rabiscava no meu caderno escolar, toda uma viagem que surgia na minha cabeça. Sinceramente, não sabia de onde vinha aquela inspiração e, não necessariamente, eram grandes idéias, mas era algo natural.

Naquele momento, aquilo era a coisa mais importante pra mim, era algo que brotava e aos poucos eu fui me orgulhando cada vez mais de tudo aquilo. Como eu ainda não sabia tocar nenhum instrumento, eu tentava armazenar a melodia na minha cabeça, para não esquecê-la. Pouco menos de dois meses depois, comprei um violão, o pior do mundo talvez, mas era apenas o que eu precisava naquele momento, colocar harmonia na minha melodia.

Depois rabisquei várias outras músicas. Estudei um pouco de teoria musical, aprendi a tocar alguns instrumentos, estou na luta até hoje e, se tem uma coisa que posso afirmar, é que existe um grande prazer ao materializar a arte, isto é, ver, ouvir, tocar em algo que você mesmo criou. Na minha opinião este é o grande êxtase do artista, ver a sua arte viva.

Por ironia do destino ou não, recentemente me dei conta que a primeira canção que compus, que se chama "Caminhando pela estrada", falava algo do tipo manter a direção, mas sem saber aonde vai chegar, siga em frente e num determinado momento algo deve acontecer, ou seja, tudo é uma tremenda incógnita. Não se sabe se esse momento realmente irá chegar. Não há fórmula, não há paradigma que dê indícios de seu rastro. É tão lógico e ilógico ao mesmo tempo. Tão desejado, mas totalmente imprevisível.

Por outro lado, sempre tive plena consciência de que nada adiantaria manuscritos guardados, a sete chaves, sem publicá-los. Às vezes eu achava que me faltava coragem de tentar e, isso  era uma grande contradição para mim, pois, tudo que eu escrevia era e é, basicamente, algo relacionado a enfrentar as dificuldades e superá-las com firmeza.

Houve momentos que eu, realmente, achava que o grande dia acabara de chegar, tudo era a favor, uma nova música, uma nova inspiração, uma nova fase, de repente nada, nada rolava, nada ocorria por isso ou por aquilo. Ora era algo que funcionava a todo vapor, outrora caía num imenso poço profundo e ficava lá despercebido, quase inexistente.

Joseph Goebbels, um dos ministros, na época da Alemanha Nazista, dizia que uma mentira dita cem vezes, se tornaria verdade um dia. Comecei a perceber que o contrário acontecia comigo, quanto mais músicas eu fazia, mais mentirosa ficava essa história de banda e era óbvio, não havia nada para mostrar, ninguém ouviu falar, ninguém viu tocar, quando, teoricamente, o processo é simples, não trata-se de uma lei física ou de raciocínios complexos. Se estudas teatro, tens que apresentar-se numa peça qualquer, se és pintor, tens que pintar um quadro qualquer, se fazes música, tens que gravá-las e publicá-las, caso contrário, te afundas na escuridão do anonimato eterno.

Quem sabe o momento é agora? Não sei! Quando eu achava que era, não foi. Agora, que não tenho grandes expectativas, de repente, pode ser. Ao longo dessa trajetória só percebi evolução e isso é bom.  Timidez, trabalho, a frenesi do dia a dia, a busca pela perfeição são elementos que, por vezes, lamentavelmente, travam essas estradas de serem percorridas. No entanto, da mesma certeza, que temos de que um dia iremos todos morrer, busco inspiração para afirmar que esta lamentação não quero ter e não terei. Antes de partir para outro mundo qualquer, deixarei minha arte publicada, que pode até nem ser uma grande obra, mas primo por ela.

Portanto, eis aqui o primeiro passo nessa indefinida estrada. De agora em diante, publicaremos tudo que produzirmos, através de algum meio de comunicação. A minha vida se confunde com essa banda, a ela dediquei e dedico parte da minha vida, tenho um imenso orgulho de representá-la. Que venham os palcos!

"Até à vitória sempre..." (Che Guevara)